Localizada entre as praias da Baleia e Barra do Sahy, na costa sul de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, a APA Baleia/Sahy é uma Unidade de Conservação (UC) municipal idealizada pela sociedade civil para proteger mais de um milhão de metros quadrados de Mata Atlântica. Sua criação foi um marco importante para a preservação da biodiversidade local, garantindo proteção para mais de 87 espécies de fauna com algum grau de extinção. A APA possui cinco frágeis ecossistemas, que fazem a conexão entre a serra e o mar, e formam um importante corredor ecológico.
Preocupados com a conservação da biodiversidade da área, uma equipe multidisciplinar e proprietários de casas, turistas e veranistas, fundaram, em 2013, o Instituto de Conservação Costeira (ICC) que, por meio de uma gestão compartilhada e por intermédio de um Termo de Parceria e Cooperação, firmado com a Prefeitura de São Sebastião e Secretaria Municipal do Meio Ambiente, ficou encarregado de elaborar e executar o planejamento e a gestão socioambiental da APA Baleia/Sahy.
Em um modelo inovador de gestão de UC, a sociedade civil organizada faz a gestão do território, demarcações, pesquisas, estudos hidrológicos e monitoramento da fauna e flora, atividades realizadas por uma equipe composta por engenheiros agrônomos, biólogos e geólogos, que também promovem a integração com a comunidade local e ações de conscientização com crianças e jovens.
O Plano de Manejo da APA Baleia/Sahy foi aprovado em junho de 2020 e, desde então, o ICC vem implantando as linhas prioritárias previstas no instrumento, bem como a realização de projetos com potencial de tornar o local um destino turístico sustentável, com a criação e implementação de ferramentas e estratégias para que a comunidade tradicional local seja contemplada, considerando o modelo com participação da sociedade civil proposto na Unidade de Conservação.
Sob a coordenação da voluntária-especialista Luciana Sagi, turismóloga com mais de 20 anos de atuação em planejamento e gestão de destinos turísticos e áreas protegidas, o ICC recebeu a mentoria do Sábados Azuis por meio de sua representante Angélica Bustamante, que fez a solicitação do atendimento, e Edson Lobato, também integrante do instituto.
Completaram o time, as voluntárias-monitoras Denise Dantas, recém-formada, e Larissa Brunelli, aluna de graduação, ambas do curso de Turismo da ECA/USP. A representante do Núcleo Gestor que acompanhou o atendimento foi Denise de Almeida, graduanda em Turismo e bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo.
Durante os atendimentos foram discutidas as complexidades do município e da UC, sendo identificados pontos cruciais para implementação de projetos que contemplem o plano de manejo, já que o Instituto enfrenta dificuldades em definir prioridades de ação.
Em sua primeira narrativa, Angélica destacou que já existem algumas atividades turísticas desenvolvidas no território, entre as quais, aulas de stand-up e passeios embarcados para visitar as ilhas, além de atividades potenciais como a observação de aves e passeios embarcados pelo rio, que vem sendo realizadas de modo pontual, por profissionais capacitados.
Há um projeto para a elaboração do plano de manejo da Taboa e da Caixeta (plantas bastante utilizadas para produção de artesanato), em conjunto com artesãos da região, que representam a cultura tradicional caiçara de São Sebastião, visando garantir a correta extração de matéria-prima, além de importante instrumento de geração de emprego e renda. E, ainda, há a reivindicação de barqueiros pela implantação de infraestrutura mínima para atividades de uso público no Portinho da Barra do Sahy, com um centro de apoio ao turismo.
Partindo, então, da necessidade da organização de ações e ideias, a especialista Luciana Sagi propôs a criação de uma planilha para elencar os objetivos relacionados a cada projeto, bem como um plano de ações que descrevesse as atividades potenciais, sua correlação com o plano de manejo, os responsáveis pela execução, os possíveis parceiros para a sua realização e prazos para implantação de cada uma.
Assim, a cada encontro, as ações foram sendo estabelecidas e classificadas em diferentes graus de prioridade. Por fim, o produto resultante das quatro mentorias foi a apresentação de uma matriz autoexplicativa por meio de um documento que permitiu melhor visualização do conjunto de ações necessárias para os desafios enfrentados pelo ICC na implantação do turismo sustentável e cogestão da APA Baleia/Sahy.
A partir disso, esse instrumento passou a ser utilizado pelo ICC em seu planejamento integrado anual e está orientando as atividades prioritárias que o Instituto irá realizar dentro de suas atribuições para apoiar o turismo sustentável na UC.